Passageiros de países afetados pelo ebola terão temperatura medida ao chegar no Brasil
Eles também receberão cartão com orientações,
segundo anunciado nesta sexta pelo Ministério da
Saúde
O Ministério da Saúde anunciou nesta sexta-feira medidas de prevenção para impedir a chegada ao Brasil da epidemia de ebola na Áfica Ocidental. Segundo a pasta, todos os passageiros vindos dos países afetados pelo surto (Guiné, Serra Leoa e Libéria) receberão um cartão com orientações sobre sinais da doença. Além disso, funcionários nos terminais aéreos colherão informações sobre a origem dessas pessoas, que terão ainda sua temperatura corporal aferida, já que um dos principais sintomas da doença é a febre alta.
É ineficaz fazer scanner de temperatura. Nós consideramos ineficaz. O scanner de temperatura pelos quais todos os passageiros passam, isso nós não estamos fazendo nem vamos fazer. O que estamos fazendo é a pessoa que se autodeclara (vinda de um país afetado) vai para entrevista, ou a identificação pelo passaporte. Essas pessoas, que é uma percentagem pequeníssima, de uma a cada 40 mil passageiros internacionais que chegam entre brasileiros e estrangeiros, passam por essa avaliação. Estamos focalizando para esse pequeno grupo que vem de lá — disse Barbosa.Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, a nova medida já começou a ser adotada nesta sexta-feira no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, a principal porta de entrada no país, que recebe 78,5% dos passageiros vindos do exterior. Em ocasiões anteriores, o Ministério da Saúde havia dito que a medição generalizada de temperatura era ineficaz no controle da doença. Nesta sexta-feira, o ministério voltou a dizer isso. Segundo a pasta, o que será feito agora é uma medida focalizada, voltada para um pequeno grupo. A temperatura será aferida por um método não invasivo, por meio de um equipamento semelhante a uma pistola, sem necessidade de contato direto com o corpo.
A ação será realizada pelo Ministério da Saúde juntamente com a Polícia Federal, Receita Federal e a Anvisa. Segundo o secretário, desde o começo do ano, chegaram a Guarulhos apenas 529 passageiros vindo da Líbéria, Serra Leoa e Guiné. Quem vem desses lugares receberá uma orientação por escrito em quatro idiomas: português, inglês, francês e espanhol. Até o final de novembro, o aeroporto do Galeão, no Rio, responsável por 16,3% dos passageiros de voos internacionais, e o de Fortaleza (3%), também adotarão a medida. Depois será a vez do aeroporto de Brasília (1,5%), além de Viracopos, em Campinas (SP), e Salvador.
"Atenção - Seu processo imigratório está concluído e você será autorizado a entrar no país. Entretanto, devido à necessidade de monitorar os viajantes oriundos de áreas afetadas pela epidemia de ebola, sua temperatura corporal será verificada por método não invasivo. Além disso, você responderá a um questionário e receberá orientações de interesse para sua saúde. Após este procedimento, o seu passaporte lhe será entregue pela autoridade sanitária brasileira. Agradecemos a sua colaboração", diz o texto da orientação dada aos passageiros vindos dos três países.
Agentes da imigração identificarão viajantes vindos de Guiné, Serra Leoa e Libéria ou que tenham nacionalidades desses países. Eles serão encaminhados ao posto da Anvisa para responder a um questionário e ter sua temperatura aferida. No posto, depois da entrevista, será entregue material com informações para o viajante sobre o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Serão colhidas dele informações como áreas afetadas pela doença por onde o viajante passou e se ele teve qualquer contato com doentes.
O ministério destacou que não há voos diretos entre o Brasil e esses três países. Isso diminui as chances de transmissão e aumenta a possibilidade de que os passageiros já tenham passado por outras duas triagens: uma no país de origem, e outra no país onde fizeram conexão antes de chegar ao Brasil.
O Ministério da Saúde destacou também orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que não devem ser adotadas medidas de restrição ao comércio e viagens às áreas afetadas. O mais efetivo para controlar a epidemia é a interrupção da transmissão do ebola nos países afetados. Por isso, informou o ministério, o Brasil vem colaborando com doações de medicamentos, materiais, alimentos e recursos para a OMS e os três países africanos.O ministro da Saúde, Arthur Chioro, criticou a Austrália, que está negando visto a pessoas dos três países afetados pelo ebola.
— Não tem nenhum sentido, não tem nenhuma recomendação da OMS. É uma medida que não adotaremos — disse Chioro.